segunda-feira, 2 de novembro de 2015

É sempre bom alertar as mulheres sobre o Citomegalovírus na gravidez

Citomegalovírus e a gravidez: entenda por que o vírus é perigoso.

Ele é mais comum nas crianças, mas mulheres grávidas precisam estar atentas. Da família do herpesvírus, o citomegalovírus (CMV) é transmitido através do contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada, como saliva, sangue e urina, e pode deixar sequelas em bebês de mulheres que o contraiam durante a gravidez.
De acordo com o ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês Alexandre Pupo, existe risco de aborto, pneumonia e malformações importantes no bebê, como deficiência intelectual, surdez e alteração no funcionamento do campo visual. Entenda melhor o que é e como se proteger do vírus:

Os sintomas do citomegalovírus

Grande parte das infecções causadas por citomegalovírus são assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas. "Quando eles existem, no entanto, são parecidos com a mononucleose. Febre, aumento do fígado e baço, alteração de linfócitos no sangue, e sintomas de hepatite, como dor próximo à costela direita e eventual coloração amarelada de pele", explica Alexandre Pupo. Por isso, no início do pré-natal o médico requere um exame de sorologia para citomegalovírus.

Bebê está mais protegido se a mulher já tiver o vírus. Como se proteger?

Segundo o especialista, de 70% a 90% dos adultos apresentam anticorpos contra o citomegalovírus por já ter tido contato com o vírus no passado. Quando a mulher já apresenta anticorpos, há menor risco de e transmitir o vírus ao feto.
"Se o exame mostrar que não houve contato prévio, devem-se evitar locais fechados com grande aglomerado de pessoas, principalmente de crianças, como creches e festas infantis; pegar crianças no colo e beijá-las no rosto e procurar lavar sempre as mãos, evitando levá-las aos olhos e boca", orienta o ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês. Outras maneiras de prevenção são evitar contato muito próximo com outras pessoas, principalmente as crianças, lavar sempre bem as mãos e manter boa higiene pessoal.

Existe diferença entre adquirir o vírus antes da gravidez ou durante?

"O contato com o vírus antes de engravidar leva à produção de anticorpos de defesa que vão impedir que, no caso de nova infecção, esta seja tão importante quanto a primeira. Logo, se a gestante for soroconvertida antes da gravidez, ela estará mais protegida, bem como o seu bebê", responde Alexandre Pupo.
Mas existe o risco de a infecção ser próxima ao momento de concepção, o que aumenta o risco de aborto e malformações. "Se ocorrer a primeira infecção durante a gestação, quanto mais tarde ela ocorrer, menor o risco para o bebê em relação aos problemas. Cerca de 10% dos bebês de mães que têm a infecção pela primeira vez na gestação desenvolvem sintomas. Destes, 30% podem vir a morrer da infecção", explica Alexandre Pupo.
Segundo o especialista, se o bebê nascer assintomático, mas carregando o vírus, ainda assim cerca de 10% deles desenvolverão algum grau de alteração neurológica. "Os riscos de transmissão do vírus da mãe ao feto diminui após o quinto mês de gestação e se ela já teve contato prévio, ou seja, soroconversão antes da gravidez", finaliza.

Como a mulher transmite o citomegalovírus para o bebê?

A transmissão pode ocorrer de forma intra-uterina, através da placenta ou no momento do parto. Também pode haver transmissão após o parto devido ao contato com secreções maternas como no canal de parto, sangue ou leite. "O risco de transmitir a doença ao feto é maior quando a mulher tem a primeira infecção durante a gestação. Neste caso, o risco de transmissão fica ao redor de 10% variando um pouco de acordo com o momento da gestação", afirma Alexandre Pupo.

Como saber se o bebê tem o vírus?

Para saber se o seu bebê carrega, ou não, o citomegalovírus, deve-se fazer um exame de urina após o parto. "Além de exame de sorologia materna mostrando o contato recente com o vírus. Devem-se também buscar sinais indiretos, como aumento de fígado no recém-nascido e, entre outros, exame de retina", explica o ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês.
Quando o bebê é infectado, o vírus persiste por anos na criança, ela pode desenvolver pneumonia, surdez, corioretinite com perda visual gradativa, deficiência intelectual e retardo no desenvolvimento neuromotor. A idade de instalação das alterações varia de acordo com a gravidade da infecção, mas geralmente já são perceptíveis no nascimento e até o 6º mês de vida. Não há tratamento ideal. Usam-se antivirais nos casos graves com respostas variadas ao tratamento. Todas estas alterações surgem nos primeiros meses/anos de vida.
Por Bruna Capistrano